22/09/2007

"Until The End"


You've got a famous last name
But you're not to blame
Baby I see you for who you are

A one time apple queen,
And a one time tramp,
And an old time movie star.

You're a shell picker,
Of the pickiest kind,
But you always find the ones to keep.

And in or out of bed,
You keep you're head wide open,
'cause ya don't only dream when you're asleep.

Like a child ... you remember,
But I forget ... all my dreams.

I used to think,
That someday I'd relax a little,
And be more like you.

Then I realized,
How silly that thought was,
Needed to stand in my own shoes.

And from over here,
I can see you cry,
Don't even try ... to pretend.

'cause he's hurt you,
So many times,
Baby don't go back again.

Like a child, you forget,
But I remember everything..and every sting.

And through all the games,
We'll both stay the same,
As we've always been,
Through the fat and thin,
Until the end,
Until the end.
Norah Jones

Pensar...

"Deste modo ou daquele modo.
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.

Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras

Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.

E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.

Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos."

Alberto Caeiro

Senti-me assim esta semana... sem vontade de pensar. Tudo porque grande parte do pensamento que me ocupa é inútil, desnecessário, prejudicial. É reconfortante saber que houve alguém que sentiu o mesmo e que o descreveu numa ordem de palavras que faz sentido.

15/09/2007

Simon & Garfunkel...

Fizeste com que começasse a ouvir e a apreciar... Fiquei fã, vá! Com a desejada "Pão-de-Forma", seriamos os verdadeiros Hippies... :)

08/09/2007

Amiga...

Passaram poucas horas desde que deixaste Faro rumo a Estocolmo e, apesar de não estar contigo com a frequência que gostaria nos últimos tempos, sinto a tua falta, talvez porque antecipe indevidamente os meses que se seguem. Não sei quantos serão... não sei se te verei no Natal... Sei que falaremos muitas vezes na net, prometo enviar cartas, tal como pediste. Sei que nada disto te vai trazer para a mesa de café em que temos longas conversas, em que o tempo parece pouco para falarmos do que nos vai na alma... Mas será breve. Afinal é um ano em que apenas estarás fisicamente longe.

Continuaremos a falar; continuarei a pensar em ti: continuarei a lembrar-me da adolescência que vivemos juntas; das conversas que tinhamos durante as aulas, em pequenos papelinhos rasgados do caderno (e que ainda hoje guardo religiosamente); da nossa boa disposição, nas aulas de Inglês da "Miss Morgan"... :) e tantas coisas! E são as memórias o que melhor guardo de ti. Memórias de uma amizade incondicional, que, mesmo 5 anos após o afastamento que não pudemos controlar, se manteve.

Não te dei uma lembrança que levasses contigo para a Suécia... Pensei em escrever algo num postal, mas seria pouco. Um post no blog, dedicado a ti, e publicado para o mundo inteiro pareceu-me insuficiente: não transmite a vastidão do sentimento que tenho por ti. No entanto, dá uma ideia do respeito, do carinho, da amizade que nos une.


Obrigada por tudo, amiga... e muita sorte para o teu futuro brilhante! :)

(Sim, já deixei a fase da negação... )

Pavarotti...

Faleceu aos 72... Deixou-nos a sua voz única, que transmite emoções de uma forma límpida e profunda.

"Una furtiva Lagrima"

"It's a Man's World"

07/09/2007

Verão 99

"Há vários indícios seguros da chegada do Verão. Espero-os sempre, atento e ansioso, porque preciso do Verão, desesperadamente. O primeiro indício são as meloas do Algarve e o seu sabor único, irreproduzível. Depois, são algumas manhãs de Lisboa, com uma espuma marítima suspensa sobre a claridade do dia e, à noite, os sons da cidade que passam de bairro em bairro, a vizinha que chama o filho, o cão que ladra, o táxi na esquina, uma música que vem de lugar oculto. Em Junho as mulheres começam-se a despir por partes e os pássaros vêm morrer de encontro ao pára-brisas do carro na estrada, porque eu vou mais depressa do que o seu voo pesado. No campo, instala-se um ruído de fundo que é o das cigarras gritando de calor, e, ao fim do dia, oiço as árvores estalar de alívio.

Na primeira noite de Verão, estendo uma rede nordestina no terraço e deito-me para dormir lá fora, deixando uma vela a arder dentro de uma lanterna marroquina, porque atrai os mosquitos para a luz e porque o terraço parece ficar um lugar encantado. E vou adormecendo aos poucos na rede, como um cão adormece, com um olho aberto e outro fechado, nesse prazer prolongado de habitar entre duas fronteiras, a do sono e a da vida.

No outro dia, tinha acabado de adormecer na rede, quando um ligeiro ruído do terraço, melhor dizendo, uma presença pressentida, me despertou, sem me sobressaltar: no campo, habituamo-nos aos ruídos nocturnos inesperados: a dez metros de mim, estática e surpreendida, uma lebre contemplava-me como quem contempla um intruso em casa própria. "Olá, lebre, boa noite!", disse-lhe eu, ensaiando uma intimidade que lhe deve ter parecido abusiva. Ela olhou para mim sem se mexer, depois olhou para a luz da vela, deve ter concluido que o terraço estava ocupado, deu meia-volta e partiu aos saltos, não pé ante pé: não seria lebre não seria nada, se não tem partido à desfilada. Voltei a adormecer e voltei a acordar daí a pouco, desta vez despertado por um longínquo zumbido no céu: um avião, de luzes a piscar, circulava no meio das estrelas, entre Cassiopeia e Orion. Imaginei os passageiros enrolados em mantas, suspensos do mundo a dez mil metros de altitude, fechados naquele prodígio de aço e no seu destino nocturno. Tudo me pareceram indícios de que o mundo estava em paz, sinal seguro da chegada do Verão. Voltei a adormecer até de manhã, até que o sol me bateu na cara e uma gota de suor me escorreu pelos olhos abaixo.

Espremi um sumo de limão para um copo cheio de gelo, espreguicei-me até sentir que os membros voltavam todos à posição normal e caminhei até ao ribeiro que, nesta altura do ano, tinha só dois palmos de água, mas transparente, no seu leito de pedras, areia e plantas aquáticas. Descalço, mas vestido tal como tinha adormecido e acordado, deixei-me cair lá dentro, com a cara contra as pedras e os olhos bem abertos, como se assim me pudesse transformar em peixe. Virei-me ainda de costas e fiquei a sentir a água a correr entre os cabelos, recebendo na cara o primeiro sol da manhã como a faca que passa a manteiga pelo pão.

Por mais que tente explicar-te tantas e tantas vezes, nunca te direi vezes que cheguem como é bom estar vivo."

in "Não te Deixarei Morrer, David Crocket" de Miguel Sousa Tavares

Porque é o rescaldo do Verão, porque lembra o Alentejo e porque descreve sensações de forma sublime...

03/09/2007

Alentejo...

2 Dias, muito sol, amigos... Muito bom! :)

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