16/07/2006

Avec's

Image Hosted by ImageShack.usChegou o Verão, e com ele uma enxurrada de gente sobre a qual este post se debruça, e que são os "Tugas Emigrantes". É nestas alturas que penso: "Que mal fiz eu ao mundo para ter que ouvir tanta barbaridade ao mesmo tempo?" Chego a ficar indignada com situações com que me deparo. Vou exemplificar uma:

É nas férias que gostamos mais de dormir até, na melhor das hipóteses, à hora de almoço, certo? Pois que os meus vizinhos de Verão - Avec's genuínos - insistem em trazer os netos, gaiatada irritante, cuja faixa etária ronda os 8 anos. Estes ditos míudos gritam, ou melhor, guincham coisas imperceptíveis todos os dias que o sol se mostre, por volta das 9 da manhã, bem na direcção da minha rica janelita, que, por motivos de perda energética, fica aberta de noite. É que o meu problema não é eles gritarem... é mesmo dos guichos nessa linguagem que, perdoem-me os que gostam, por vezes me soa apanascada de tão aguda que se pode tornar. Depois, se fossem putos tugas, não gritavam. Andavam à pancada, e lá resolviam os assuntos deles sem me incomodar, que é assim que deve ser. Tudo menos o "Mamam, mamam, Jean Michel, blá, blá, blá, hi, hi, hi, avec". Se fossem alemães, ingleses, espanhóis, nem me incomodavam (a não ser na estrada, mas isso são outros assuntos). Mas o timbre de voz francês... Eu não tenho nada contra os franceses (excepto o Zidade) e abaixo a xenofobia (excepto contra o "Cabeçadas" Zidade). Aliás, tenho amigos que passaram lá bastantes anos e dos quais gosto muito, mas convenhamos, há "Tugas Emigrantes" muito irritantes.


Isto faz-me lembrar aquela velha piada dos Avecs na piscina, em que a mãe se vira para o puto e diz "Jean Michel, rien, rien!". Para quem não tem grandes conhecimentos da língua, "rien" significa "nada", no sentido de vazio e não no sentido de "nadar" (nager). É que isto levanta outra questão: o assassínio da língua portuguesa. É certo que é natural a mistura, quando se fala duas línguas, mas não vamos cair em exageros... Tenho uma certa dificuldade em descodificar o que as pessoas dizem... É as "vacanças" em vez de "férias" ou "vacances" (mais parece férias das vacas), o "tu vas tomber" seguido de um exímio palavrão em português, entre outros demais exemplos a não seguir. É que depois o filho do "tuga emigrante" recusa-se a saber falar português porque é uma vergonha ser português (e quem disse que não era...), ou então o "tuga emigrante" recusa-se a ensinar português aos filhos, porque dá muito trabalho manter as raízes e ensinar alguma coisa potencialmente mais útil do que ver o "mcm".

Bem, estou magoada, e indignada com o que se passa neste país, ou então não, estou mesmo só aborrecida com a gaiatada do lado... Ide... ide lá ver o Portugal no Coração e deixem-me aqui sossegada.

"Jean Michel, tu vas tomber! Eu não te disse que ias cair, f****-da-p***?!"

2 comentários:

JDM disse...

A questão até se coloca por duas perspectivas: o tempo que os tugas emigrantes estão cá, e o tempo em que os tugas emigrantes estão lá...
Cá, lá do alto da sua altivez, estão completamente deslocados do que é a realidade Portuguesa: estão à espera de encontrar o atraso de país que tinham quando fizeram a sua migração pro estrangeiro, e não sabem lidar com os aspectos mais positivos que já cá existem (mesmo que poucos sejam) e não se encontram na nação que os acolheu.
Lá, num esforço desmedido por integração mas simultânemente de demonstração do seu orgulho português, acabam por ter a mesma presença demasiado...vistosa..
É uma realidade que acontece, provavelmente, com todos os migrantes, e não só os portugas.
É preciso paciência e tolerância.
Por cá temos com o que nos preocupar: a bela da casca de tremoço cospida pro chão ali ao lado, e os belos lagostins que, por falta de protecção solar, se deslocam orgulhosos da sua vermelhidão ao fim do dia, em direcção a casa...
Evoluamos meus caros!!!
(não quero parecer demasiado...snob...tenho exemplares de qualquer dos casos que mencionei na minha família)

Paulo Figueiredo disse...

pois, tb não tenho nada contra o comum emigrante, agora o tipo EMIGRO-GÓTICO é que não suporto!!!

À oui ahhh!!