31/10/2012

Eu diria que sim. Sei bem do que fala Leididi.


"O casamento segundo uma casada de fresco

Assim de repente não há diferença nenhuma em estar casada ou viver em pecado, amantizados, amancebados, amigados e o que mais houver no léxico. Pelo menos para nós os dois. A única coisa que me lembra que entrei para esse clube é quando vejo a aliança na minha e na mão dele. Ainda me custa a acreditar que o fiz, que disse sim, que assinei um papel (na verdade já não se assina coisa nenhuma), que pus uma aliança no dedo. Eu que quase todos os dias me sinto como uma miúda e que nada tenho a ver com a imagem de mulheres casadas que fui construindo à medida que crescia. Das senhoras vestidas de forma discreta, com filhos pela mão, cujo cabelo vai clareando cada vez mais, no início são só nuances louras mas depois é o cabelo todo, os anéis que usam são de senhora, assim como os sapatos e as malas e caralho. É tudo compostinho e têm todas mais de 40 anos mesmo que não tenham. Olho para elas e fico aborrecida, entediada, faço o sinal da cruz e fujo a passos largos. A mim é que não me apanham porque eu faço o que eu quero e durmo com quem eu quero parafraseando aquela banda de merda que dá pelo nome de Miúda. Mas agora sou casada, não tenho 40 anos, nem mesmo quando os tiver, não clareei o cabelo, não uso sapatos de senhora, os meus anéis são grandes e de prata, os meus brincos são coloridos e faço o que eu quero e durmo com quem eu quero: o meu marido. Ma-ri-do. A mudança deu-se lá fora. Fora desta bolha Actimel quentinha que mais parece um cobertor (e é tão bom chegar a casa e é tão bom quando ele chega a casa). Parece-me que as pessoas me começaram a ver com outros olhos. Puseram os óculos do respeito que só se tem com as mulheres casadas, uma coisa que ficou do século XIX, e de repente eu sou uma pessoa crescida e como deve ser. Como se de repente eu fosse mais capaz, de maior confiança, para ser levada a sério. E dá-me vontade de rir. Esta sociedade é tão absurda e as pessoas tão cheias de merdas e preconceitos que nem sei. Estar casada só é melhor do que viver junto porque tivemos uma festa incrível e todos os que gostamos à nossa volta tão felizes como nós. E porque recebemos prendas e viajámos. De resto, a maravilha é a mesma."

Leididi

09/10/2012

Mundo ao contrário

O regresso à rotina tem-se revelado mais uma espécie de colisão frontal violenta com a realidade. 

1 - Do muito de bom que se retirou do evento que permitiu que estivéssemos rodeados de todos aqueles que nos são mais próximos (poucos foram os que infelizmente não conseguiram), sobrou uma réstia de azedo. Azedo provocado pela desilusão daqueles que tínhamos para nós como amigos. Pelas ausências injustificadas por desculpas esfarrapadas, pelas presenças dos que, ao contrário do que seria de esperar, não partilharam da felicidade do dia. Ferir ou provocar um amigo não é conivente com honestidade (nem tão pouco soa bem na mesma frase que "amigo"). Desses guardo o ensinamento (porque começa a ser repetitivo o engano), e a esperança que a vida lhes traga um pouco de felicidade.*

2 - A conjuntura gera desorientação. Os bons vão, os maus ficam. Não compreendo a lógica. Corrói o sentido de justiça que, aos poucos, vou reconhecendo como escasso. 

3 - A ganância de querer mais, as embirrações pessoais, a insegurança (que mais tarde ou mais cedo acaba por ameaçar as migalhas que juntamos com sacrifício, neste caso, na primeira viatura por nós adquirida).

E deixa-me, tudo isto, com um sentimento profundo de tristeza. 
Não é, de todo, justo... Não é.


*Nunca é demais dizer que todos os que estiveram, ajudaram, ou, de alguma forma, nos transmitiram genuína felicidade, eliminam grandemente tudo o resto.

08/10/2012

02/10/2012

Depurativo #5

Ahhhhhh, como eu odeio gente coiso!

Queres lá ver que agora tenho que dar satisfações da minha vida...
Ao que parece, a renda a tempo e horas não é suficiente: Austeridade de arrendatário.

É a crise*, pois claro!







*Que até na boa educação e na postura se poupa...