Patrick Murys subiu, esta noite, ao palco, para proporcionar um espectáculo de gestos e imagens. Metade homem, metade marioneta, mostra imagens de guerra, que transmitem a fragilidade humana. Imagens que podem ser moldadas ao jeito da nossa imaginação, transpostas para a nossa realidade e as nossas fragilidades. De malas de viagem, Patrick tirou pessoas, sentimentos, memórias de um passado destruído. Fez perceber o quanto os acontecimentos podem mudar aquilo que somos.
Publico aqui um excerto do texto que é usado na narrativa:
"Se ele quiser estar só, pára e traça um círculo à sua volta. No seu círculo está abrigado. (...) Quando ele quer sair do círculo, estica simplesmente a mão e corta a linha do círculo. Ninguém o pode fazer, só ele. O milagre do círculo consiste na total segurança que ele nos oferece. (...) Se a morte se aproxima e não queremos morrer, podemos vegetar até ao infinito no círculo. Nunca podemos estar dois ao mesmo tempo no círculo, Já houve quem tentasse e não deu em nada. (...) Se tens ao teu lado, no interior do círculo, outro ente vivo, o círculo deixa de funcionar. (...) Os círculos têm, ainda assim, um senão. Às vezes entramos e não conseguimos sair. (...) Também se diz que, depois de um certo tempo, a maior parte dos círculos já não obedece aos homens (...)"
do folheto da peça, identificado como extracto de Matei Visniec "Théâtre décomposé ou l'homme poubelle": L'homme dans le cercle
Imagem de Quarta Parede
P.S.1 - Patrick Murys passou já pela Covilhã e pelo TAGV, em 2005, tendo encenado várias peças e feito workshops sobre marionetas.
P.S.2 - Apesar de me parecer um pouco desajustada e ambiciosa relativamente ao público a que se destinaria, gostei da iniciativa.
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